Em audiência na Comissão Especial da Reforma da Previdência, o Ministro Paulo Guedes acusou o funcionalismo público pela “roubalheira que atingiu o país nos últimos anos”. Não é de hoje que, para aprovar a reforma, o governo ataca servidores e lhes credita a responsabilidade pelo rombo nas contas públicas. Mas daí a acusá-los de ladrões vai uma grande distância.
A ANPPREV é uma entidade nascida no seio da Previdência Social e é formada por advogados especialistas em matéria previdenciária sendo que nem precisaria tanto para sabermos e provarmos que não há rombo nas contas da Previdência Social e que, muito menos, se houvesse, ele teria sido causado pelo funcionalismo. Há roubalheira sim, mas não por culpa do funcionalismo. Há irresponsabilidade sim, na guarda da moralidade e da boa gestão, mas não da parte dos servidores. E há ganância e corrupção sim, aos montes, mas não são os servidores que figuram nas investigações em curso e que estão sendo conduzidos às prisões.
Discursos desse tipo não contribuem. Pelo contrário, dificultam o diálogo e distanciam setores da sociedade que deveriam estar unidos em busca de soluções para o País. O funcionalismo pode contribuir para o engrandecimento da nação, mas não sob a estratégia de escorraçá-lo do debate, de acusá-lo de todas as mazelas que assolam o País e de relegar a sua importância.
A ANPPREV não afasta a necessidade de realização de reformas. Ressalta, entretanto, que, para se chegar a elas, descabe a tática de “dividir para conquistar”. Reformas precisam de ambientes respeitosos e de amplo debate, com transparência, sem falácias e sem informações falsas, que só disseminam o ódio e promovem divisões. Isso só serve para desviar o foco dos reais problemas do país e em nada contribui para melhorar a nossa economia, diminuir a desigualdade e incentivar o emprego e a renda.
A ANPPREV refuta as colocações do Ministro e exige que os servidores sejam tratados com dignidade e respeito.
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS PROCURADORES E ADVOGADOS PÚBLICOS FEDERAIS ANPPREV