O caos é fértil, dizem os pensadores. De fato, assim o é! Que momento político-institucional mais conturbado se pode considerar para escabelo de nosso cotidiano? Que incerteza maior de futuro? A que custo estaremos sujeitos pelo já sucedido?
Todavia, uma contradição floresce no lodo: estrutura-se uma nova realidade. Como costumeiro, estou a falar da GEAP Saúde. Hoje[1] solenemente se instaura um outro estilo de governança, qual seja, a dos representantes dos assistidos por entidade privada. E a contradição é dupla, pois não só decorre positivamente de tempos caóticos como começa a ser “kratia”[2] dos que eram ditos (inveridicamente) autogeridos.
Demandou muita pertinácia reorientar o poder ínsito à base da gestão de uma pessoa jurídica que se despregou da administração pública e atingiu o status de um ente privado estrito senso. O preço não tem sido pouco.
A par de um processo de consolidação conceitual e estrutural, mister é compor toda uma novel cultura, longe dos vícios, ineficácia e ônus oriundos do pecado original, que nos foi legado pelo elo da assistência patronal – a GEAP Saúde não faz e nunca fez parte da administração pública direta ou indireta, como também nunca foi uma fundação.
O risco maior ainda é o político-partidário, seu pseudopatrocínio, seu intervencionismo, seu proveito em detrimento dos assistidos. A nos deixarem operar por nós mesmos, poderemos cedo trilhar a senda do sucesso, pois vontade, mercado e expertise não nos faltam!
ROBERTO RICARDO MÄDER NOBRE MACHADO
[1] 05 de maio de 2016.
[2] Do grego: força, poder.